A partir das leituras realizadas, Frei Betto: "A leitura do mundo", "A dialocidade- essência da educação como prática de liberdade de Paulo Freire e o vídeo " A construção da leitura e da escrita do adulto na perspectiva freirana", se confirma a importância dos temas geradores na alfabetização de adultos. A valorização da cultura do aluno deve ser o ponto central do trabalho a ser desenvolvido com os mesmos, pois as experiências dos alunos tornam-se um rico meio de proporcionar a aprendizagem, já que estarão trabalhando assuntos do seu conhecimento e vivência, e os quais promovem a "leitura do mundo" defendida por Freire.
Ao ler o texto de Frei Betto, logo lembrei do tempo em que fui alfabetizada. E como dizia Freire, numa "Pedagogia dos Oprimidos", onde o professor era detentor do saber, e nós meros armazenadores de informações sem significações, onde não havia o diálogo. Aprendíamos: Eva viu a ave, Ivo viu a Eva e outras coisas sem significado. Palavras escolhidas ao acaso não fazem sentido para os alunos, se não estiverem agregadas a um contexto do seu interesse, onde ele saiba muito bem o que significa, a que se relaciona e a gama de relações a que essa palavra nos leva. Dentro dos temas geradores, Freire destaca que não devemos trabalhar conteúdos isolados, fora da realidade dos alunos, pois assim estaríamos praticando uma pedagogia dos oprimidos, não deixando que eles se expressem através do diálogo e participação. Os temas geradores levam a um repertório de indagações, debates e discussões a cerca dos mesmos. A idéia de Freire era trazer para os alunos uma concepção de mundo, onde se dessem conta da sua condição de oprimidos, lutando assim por sua libertação. No filme: “A construção da leitura e da escrita do adulto na perspectiva freireana”, fica claro a vontade dos alunos da EJA, de se libertarem, de se tornarem independentes, para poder atuar na sociedade sem discriminação. E de que forma proporcionar isso tudo ao nosso aluno se não levarmos em consideração a sua condição de cidadão inserido numa sociedade na hora de desenvolver uma pedagogia de alfabetização? É preciso que o professor trabalhe lado a lado com o aluno. E o diálogo, nessa interação é imprescindível, onde haja uma liberdade de expressão, onde os alunos se sintam à vontade para dizer o que sentem, suas vontades, seu anseios, e assim professor e alunos podem construir coletivamente o conhecimento.
Percebo com os meus alunos de maternal 1, em educação infantil, o diálogo constante, a vivacidade que eles tem, contando desde pequenos situações de sua vida, quando são questionados sobre alguma coisa. Então como cortar essa espontaneidade deles, se eles demonstram maior
interesse nas aulas, quando damos importância para aquilo que eles contam. Na alfabetização de jovens e adultos acontece da mesma forma, os alunos trazem uma bagagem muito grande de vivências que não podem ser descartadas, pelo contrário é através delas, que a aprendizagem vai fluir de forma mais significativa, com o diálogo constante entre todos.