domingo, 2 de novembro de 2008

Trabalho docente

A leitura do texto " O trabalho docente, a pedagogia e o ensino" de Maurice Tardif, fez-me remeter a toda caminhada que já fiz até agora nessa profissão maravilhosa de professora. E nessa caminhada, também devo dizer que está sendo muito proveitoso esse curso de pedagogia na UFRGS, pois estou me aperfeiçoando e melhorando meu desempenho no trabalho.

Esse texto pretende mostrar como a análise do trabalho dos professores, considerado em seus diversos componentes, tensões e dilemas, permite compreender melhor a prática pedagógica na escola. Concordo com as afirmações do autor e cito o trecho: "O perigo que ameaça a pesquisa pedagógica e, de maneira mais ampla, toda a pesquisa na área de educação, é o da abstração: essas pesquisas se baseiam com demasiada freqüência em abstrações, sem levar em consideração coisas tão simples, mas tão fundamentais, quanto o tempo de trabalho, o número de alunos, a matéria a ser dada e sua natureza, os recursos disponíveis, os condicionantes presentes, as relações com os pares e professores especialistas, os saberes dos agentes, o controle da administração escolar, etc. " Não tenho experiências diferentes nesses seis anos de docência além de trabalhar com a educação infantil, mas trago um exemplo da minha realidade: tenho uma sala pequena, que quando estão todas as crianças, na hora de dormir, não sobra nem um espaço na sala além dos colchões, a não ser para a minha mesa, crianças com problemas e muita vontade de trabalhar de minha parte. Mas como desenvolver um trabalho bom, se a cada dia mandam mais uma criança para a sala, sem mesmo saber se ela comporta tanto? Não temos apoio profissional para atender crianças com problemas, estamos diante de inúmeras dificuldades não podemos fazer nada para saná-las, pois não depende de nós, a não ser buscar apoio da família, que na maioria das vezes não colabora. Cito também como exemplo, essas provas aplicadas aos alunos, para avaliar o nível de aprendizagem na educação do país, que o governo defende. Como o aluno pode ser "medido" dessa forma? Não se considera que são realidades diferentes e que isso generalizado, não serve para avaliar o ensino como um todo! Voltamos no tempo, aplicando provas dessa espécie!

Segundo o autor "... a maioria dos discursos que hoje tratam do ensino e são veiculados pela classe política, pela mídia, e pelos formadores de opinião – e freqüentemente por vários professores universitários – questiona se os professores trabalham bastante, se trabalham corretamente ou se dão um bom acompanhamento aos seus alunos. Constata-se, portanto, que a maioria das pessoas que se interessam pelo ensino fala sobretudo, e até exclusivamente sobre aquilo que os professores deveriam ou não deveriam fazer, ao invés de se interessar pelo que fazem realmente. " Isso é uma verdade mesmo, quantas coisas que fizemos, com todos os obstáculos existentes, conquistas que realmente tem valor para os alunos, e que não são valorizadas. É preciso levar em conta os recursos disponíveis, o número de alunos, as condições, a realidade dessa escola e tantas outras coisas. E nesse sentido concordo também quando o autor diz que a “pedagogia” não é uma categoria inocente, uma noção neutra, uma prática estritamente utilitária: pelo contrario, ela é portadora de que se encontram vinculados à escolarização do magistério. Lidamos com pessoas, e isso envolve relações, e cada grupo vai ser diferente de outros, com anseios diferentes e realidades diferentes.

“ Nada nem ninguém pode forçar um aluno a aprender se ele mesmo não se empenhar no processo de aprendizagem”(p. 15). E para que ele se empenhe, é preciso que o professor seja um motivador, que cative os alunos, aguçe o interesse deles, buscando formas diferentes de incentivá-los. Por isso o professor é mercedor de destaque, pois ao contrário de outras profissões, onde há um modo único de trabalhar e obter o resultado final, o professor precisa usar de estratégias para conseguir o sucesso com os alunos, pois todos são diferentes e com interesses diferentes, e ao mesmo tempo ele precisa ter consciência de que tem um grupo a sua espera, e assim trabalhar o coletivo e também o individual. Por isso que ser professor, não é para qualquer um, é preciso ter amor pelo que faz, é ser um pouco de tudo, ser mestre, ser artista, ser mãe, ser enfermeira...

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Ana, a partir das tuas leituras trazes questionamentos e reflexões muito pertinentes sobre o ser e fazer do professor. Abração, Sibicca