Começo fazendo uma comparação entre a educação de duas cidades onde morei. A primeira onde estudei me formei e começei a trabalhar, na fronteira (Dom Pedrito) e Sapiranga onde vim trabalhar mais tarde. Nessa comparação já percebe-se bem a desiguladade, tanto entre escolas como entre localidades, lá em Dom Pedrito tem uma escola particular e várias municipais e estaduais, é uma cidade pequena, mas até universidade federal está em processo de início agora, já com o prédio pronto e também a URCAMP, onde começei a faculdade de pedagogia e acabei desistindo. Na escola particular, somente a elite freqüenta, são raros os menos favorecidos que tem acesso a ela. Eu tive apoio de professores do ensino estadual onde estudei que me auxiliaram e assim consegui meia bolsa de estudos para que pudesse estudar nessa escola. Mas a maioria dos outros alunos da escola que tinham meia bolsa eram da elite, tirando o lugar de quem realmente precisava. Lá, as escolas tem pouco recursos, os prédios já bem danificados, principalmente as escolas estaduais e ainda reina o ensino na sua maioria bem tradicional. A escola particular foi a pioneira a começar com o construtivismo, com muita polêmica na época. A educação infantil é muito pouco valorizada, pois tem poucas creches, e a população tem a idéia de que as mesmas são para quem vive na miséria e as crianças ficam lá para serem só cuidadas.
Tive a oportunidade de trabalhar na Secretaria de educação de lá e os cursos de capacitação, geralmente fora de cidade, só eram disponibilizados para quem trabalhasse lá na Secretaria, os professores que quisessem participar de algum curso teriam que se virar e arcar com as despesas e pagar para alguém trabalhar no seu lugar.
Em relação à realidade que encontrei em Sapiranga, fiquei maravilhada quando conheci algumas escolas municipais, com prédios bem cuidados, cursos oferecidos aos professores, riqueza de recursos e o salário bem superior na rede municipal em relação a outra cidade. Eu trabalho na Educação Infantil, e a minha escola tem muitos recursos para utilizarmos, nosso salário não é dos piores, o acesso das crianças a ela se dá perante inscrição em central única de vagas e temos incentivo à formação docente com plano de carreira para o magistério.
Depois de realizar a leitura: Educação: políticas publicas e desigualdades, e fazer uma breve reflexão, ficou ainda mais claro a desigualdade da educação brasileira:
Pensamos numa educação avançando rumo ao desenvolvimento e à construção de uma verdadeira cidadania, mas permanecemos prisioneiros dos modelos culturais do parasitismo e da dependência colonial. Debatemos soluções convencionais que estorvam todo avanço. Esse paradoxo encontra sua explicação não na organização escolar enquanto tal, mas na cultura e na mentalidade conservadora de uma sociedade de tipo oligárquico. (Benevides (1996, p. 22).
A educação é um dos fatores mais importantes para o bom desenvolvimento de uma nação, e a desigualdade dela tem relação direta com a má distribuição de renda, onde uns tem pouco, quase nada, enquanto outros tem tanto, ficando bem dividido o acesso à escola para essas pessoas, mostrando o quanto reina a desigualdade social no país. Uns tem o privilégio de chegar até a faculdade e outros ficam pelo caminho, começando o abandono desde os primeiros anos de escola. Acredito que pode sim haver uma mudança para melhor na educação de hoje, mas para isso é preciso que haja um comprometimento de todos os segmentos da sociedade, na luta para que os futuros cidadãos agentes da transformação social, tenham direitos iguais à educação no presente.
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